terça-feira, 1 de junho de 2010

O namorado genérico

Dia desses um amigo me confidenciava o porquê tinha acabado seu namoro. Em uma frase sucinta ele resumiu tudo: Eu era um namorado genérico, Dê. Tu sabe o que é isso?

Sei, sim. E explico. O genérico (ou genérica) geralmente tem várias qualidades: não é lindo - mas também não é feio, é inteligente, simpático, responsável, tem um bom emprego, é aparentemente seguro estar do lado dele. Uma pessoa namorável, diria eu se fosse adepta dessas classificações simplistas. Um alvo cheio para mocinhas cheias de fantasias, idealizações e planos para futuro.

Bom, voltando ao case, a namorada do amigo em questão, parecia ser uma delas. Com (apenas!) quatro meses de namoro, a moça queria morar junto, constituir família e viver felizes pra sempre. O moço que é louco, mas não tanto, parece ter freado as intenções dela, e os dois não só acabaram o relacionamento, como a mulher-apaixonada-louca pra casar, voltou com o ex-namorado. Nele ficou a certeza de não era suficiente só estar com ele, que não era por ele que ela tinha se apaixonado, e sim pela possibilidade de concretizar todos os seus anseios amorosos. Poderia ser qualquer outro.

Em mim ficou os questionamentos: quantas vezes não fomos vítimas de pessoas assim, que projetam em nós todas suas expectativas, sem se atentar pro que somos realmente? Quantas vezes não fomos nós mesmos essas pessoas? Não nascemos pra corresponder às expectativas de ninguém (eu, por exemplo, mal correspondo às minhas), e, por essa razão, entendo genuinamente quem precisa se sentir especial, quem não se acomoda em ser apenas uma parte de um par.

Não há nada de mal em querer segurança numa relação, mas este não pode ser o mote principal, nem primeiro. Que outras qualidades se somem a essa, que a vontade de ter companhia num edredom quentinho não seja o motivo da precipitação em eleger “o amor da sua vida”. Sei que não é fácil não ceder a carência e a uma sociedade que grita “é impossível ser feliz sozinho”. Mas sei ainda mais, da franca admiração que sinto pelos que não se conformam em ser apenas mais um, mesmo que sejam assim tratados, vez ou outra. E são essas as pessoas que precisamos ter ao lado.

Que descansem em paz os genéricos, sobra mais espaço para os que realmente interessam, os que fazem questão de ser únicos.

2 comentários:

Unknown disse...

Inacreditável é não se encaixar.

Confesso que quando fazia a leitura, analisei para ver se não me encaixava nas caracteristicas relatadas...

As pessoas estão à procura de um namorado/casamento, não de uma pessoa.

Ufa! Acho eu, que me safei dessa vez...hehe

Jeferson Cardoso disse...

O problema dos relacionamentos são as expectativas que se "criam".
Jefhcardoso do
http://jefhcardoso.blogspot.com