A crase e eu...

Sempre adorei a língua portuguesa. Sei que tem várias regras gramaticais chatas e logicamente incompreensíveis, mas até delas eu gosto. Não sou nenhuma expert no assunto, mas sempre me interessei.

Mas as regras de acentuação nunca soube muito bem. Acentuava as palavras direitinho, mais por intuição e por hábito de leitura, do quê por conhecimento gramatical. O uso do hífen, por exemplo, sempre foi um desconhecido pra mim. Eis que surge a tal reforma ortográfica pra unificar a língua, e todo aquele blá blá blá que foi divulgado nos últimos meses.

Todo mundo amaldiçoando o fato, e eu até vendo um lado positivo: buenas, aproveito e aprendo o que nunca soube. Até que me dizem, "pelo menos vai cair a crase também."

A crase também? Como assim? Não, não pode. O Google é meu pastor e nada me faltará, logo, acho uma manual super didático, explicando as mudanças e afirmando as novas regras. E a crase lá, intacta, nenhuma palavra sobre ela. Ufa!

Não consigo explicar porque adoro esse simples acentinho. Crase nas expressões adverbiais e nos pronomes relativos aquele/aquela, então... Huuuum, que delícia!

Uma simples junção de a+a, reconheço, vai entender. Sei lá, desde o colégio ficava vidradona nas aulas do professor César, de Português. O sujeito era um cara esquisito, diga-se de passagem. Usou o mesmo casaco amarelo-ovo (será que tem hífen?) o inverno todo, falava pouco, e nunca mostrava os dentes, mesmo quando ria. E eu lá, bestona, discutindo (inclusive na prova) todas as regras de regência verbal e crase com o cara. No final do ano, como reconhecimento, ele me deu uma caneta Bic preta usada por eu ser uma aluna tão aplicada. Esqueci de dizer, ele era irônico, ainda que eu não conhecesse na época tantas facetas da ironia...

Enfim, esse não é um post de autorreconhecimento. Não tenho a pretensão de me fazer entender, ou que alguém tenha o mesmo sentimento que eu. É um alerta e uma mera e singela homenagem a esse sinalzinho gráfico que eu tanto gosto: cuide-se e aproveite a vida, querida, algo me diz que da próxima reforma, tu não escapa!